Por KB Advogados

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Recuperação judicial e falência: o que empresários precisam saber

A complexidade do ambiente de negócios no Brasil muitas vezes leva a palavras como “recuperação judicial” e “falência” a figurarem com destaque nas manchetes e nas preocupações dos empresários. 

Com uma economia que apresenta desafios constantes, estes termos tornam-se cada vez mais relevantes, podendo representar um divisor de águas para a continuidade das operações corporativas. 

Diante deste panorama, o KB Advogados elaborou este artigo essencial que visa esclarecer o que todo empresário deve saber sobre recuperação judicial e falência, ferramentas legais que podem determinar o futuro de uma empresa.

O que é recuperação judicial?

No atual cenário econômico, onde as flutuações de mercado não são tão previsíveis quanto as marés, a recuperação judicial emerge como um farol de esperança para empresas navegando em águas turbulentas. 

Mas, o que exatamente é a recuperação judicial? Vamos desvendar este conceito que pode ser a virada de jogo para sua empresa.

A recuperação judicial é um mecanismo legal que permite às empresas em crise financeira, a possibilidade de reestruturarem suas dívidas sob a supervisão do judiciário, evitando assim a falência. 

Este processo é um campo minado de complexidades legais e estratégias financeiras, que requer uma compreensão aprofundada e uma ação meticulosamente calculada.

Quando uma empresa opta pela recuperação judicial, ela não está apenas buscando um alívio temporário. 

Está, de fato, apostando em um futuro onde suas operações possam ser revitalizadas, suas estruturas financeiras reorganizadas e sua credibilidade no mercado restaurada. 

É uma segunda chance embasada em lei, desenhada para preservar não apenas o valor empresarial, mas também a contribuição econômica e social da corporação.

No KB Advogados, entendemos que a decisão de seguir pelo caminho da recuperação judicial é tanto corajosa quanto complexa. Por isso, preparamos este artigo para esclarecer as nuances e desdobramentos dessa escolha crítica, provendo você, empreendedor, das ferramentas necessárias para decidir com confiança e conhecimento.

Elegibilidade para recuperação judicial

A recuperação judicial é um direito concedido a empresários individuais e sociedades empresárias que se encontram em crise econômico-financeira, mas que ainda detêm a capacidade de superá-la. 

Entretanto, não é um recurso acessível a todos os agentes econômicos: é restrito àqueles que exercem regularmente suas atividades há mais de dois anos e que cumprem uma série de exigências legais e processuais. 

Investidores e empreendedores devem ter consciência das particularidades que cercam o direito de solicitar a recuperação judicial, conhecimento esse que pode ser o diferencial entre a continuidade operacional e o encerramento das atividades.

Como ingressar no processo de recuperação judicial

O pedido de recuperação judicial é formalizado através de uma petição inicial, protocolada perante o judiciário, acompanhada de documentos que comprovam a viabilidade da empresa e um detalhado plano de recuperação. 

Este documento é a espinha dorsal do processo, devendo expor a situação patrimonial da empresa, as causas da crise econômica que enfrenta e as propostas de reestruturação. 

A precisão e a clareza na confecção desse pedido são cruciais, pois o sucesso da recuperação judicial depende da confiança que credores e a justiça depositarão na capacidade de reerguimento da empresa.

Requisitos cruciais para recuperação judicial

Para dar entrada em um processo de recuperação judicial, a empresa deve cumprir requisitos específicos previstos na LREF. 

Entre eles, está o exercício regular de suas atividades há mais de dois anos e a ausência de condenações por crimes falimentares. 

Além disso, é necessário não ter passado por um processo de recuperação nos últimos cinco anos e apresentar as contas demonstrativas dos últimos três exercícios fiscais. 

Estas exigências garantem a legitimidade do processo e protegem o ambiente de negócios de fraudes e abusos.

Impacto do pedido de recuperação judicial

Ao pedir recuperação judicial, a empresa abre um processo onde buscará reestruturar suas dívidas e reorganizar suas operações. 

Inicia-se com um “stay period” de 180 dias, durante o qual ficam suspensas todas as ações de cobrança contra a empresa, permitindo que se concentre na elaboração de um plano de recuperação viável. 

Esse plano deverá ser apresentado aos credores, que votarão pela sua aprovação ou rejeição. Durante todo esse processo, a empresa continuará a operar, mas sob fiscalização judicial e com restrições operacionais e financeiras significativas. 

Este é um momento crítico, onde cada decisão tomada pode definir o futuro da organização.

Entenda o processo de falência e suas consequências

A falência jurídica, embora seja um termo que pode ecoar com uma conotação negativa no âmbito empresarial, é essencialmente um instrumento legal desenhado para lidar com situações de insolvência irreversível. 

É o momento em que uma empresa reconhece perante a lei que não possui mais condições de honrar suas obrigações financeiras, demandando uma intervenção judicial para liquidar seus ativos e pagar os credores na medida do possível.

Como empreendedor, encarar a falência pode parecer o fim da linha, mas, na verdade, é um processo que visa trazer ordem e equidade a uma situação financeiramente caótica. 

Compreender a falência é crucial para que empresários possam reconhecer sinais de alerta e tomar decisões preventivas ou, quando necessário, proceder com a diligência que este cenário requer.

A falência não é apenas uma declaração de incapacidade financeira; ela desencadeia uma série de ações legais que buscam proteger os interesses dos credores e, simultaneamente, respeitar os direitos do empresário. 

Este processo transparente e regulado pode, de fato, pavimentar o caminho para um novo começo, permitindo que empresários liberem-se de dívidas esmagadoras e, quando possível, reestruturem-se para futuros empreendimentos.

O que a legislação diz sobre a recuperação de empresas e falências

A Lei nº 11.101/2005, conhecida como Lei de Recuperação de Empresas e Falências (LREF), é um marco regulatório que delineia o caminho para empresários e sociedades empresariais em estado de insolvência. 

Esta lei representa um avanço significativo em relação ao seu antecessor, o Decreto-lei nº 7.661/1945, reformulando totalmente o panorama da insolvência empresarial no Brasil.

A LREF é inovadora ao substituir a concordata, mecanismo que se mostrou ineficiente e limitado, por procedimentos mais flexíveis e efetivos: a recuperação judicial e a recuperação extrajudicial. 

Estas soluções têm como objetivo principal a negociação estratégica entre devedores e credores, buscando um consenso que permita a continuidade da empresa e a preservação da fonte produtora, dos empregos dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Recuperação judicial: O caso da Starbucks no Brasil

No cenário empresarial brasileiro, a recuperação judicial tem se tornado uma ferramenta cada vez mais utilizada por empresas em busca de reestruturação e sobrevida financeira. 

O mais recente exemplo dessa tendência é o pedido de recuperação judicial da SouthRock Capital, operadora nacional de gigantes como Starbucks e Subway. 

Com uma dívida que ascende a impressionantes R$ 1,8 bilhões, a empresa busca refúgio no amparo judicial para reorganizar suas finanças e alinhar estratégias diante da crise econômica que assola o país.

Este momento, embora desafiador, também reflete uma oportunidade para a SouthRock de repensar e fortalecer seu modelo de negócio, assegurando que as marcas sob sua gestão possam não apenas sobreviver, mas eventualmente prosperar no cenário econômico atual e futuro do Brasil. 

A trajetória da SouthRock, desde sua fundação em 2015 até se tornar operadora exclusiva da Starbucks em 2018 e assumir a gestão do Subway em 2022, destaca a relevância de operadores estratégicos na condução de marcas globais em território nacional. 

Seu pedido de recuperação judicial sinaliza, portanto, um momento de reflexão e recalibração para o setor varejista, pontuando a importância de flexibilidade e inovação para a sobrevivência e crescimento em tempos incertos.

A onda de recuperações judiciais e falências em 2023

O cenário corporativo de 2023 revela um conturbado panorama para as empresas brasileiras, com um expressivo aumento nos pedidos de recuperação judicial e falência. 

O levantamento realizado pela Serasa Experian desenha uma curva preocupante, com 830 requisições registradas até agosto, das quais 662 foram aceitas pela Justiça. 

Este número representa uma alta significativa de 59,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, evidenciando uma tendência crescente que desperta alarme no mundo empresarial.

A inadimplência, que vem escalando desde setembro de 2021, é a protagonista desse cenário, impulsionando a necessidade das empresas de buscar amparo legal para reorganizar suas dívidas e estruturas. 

A recuperação judicial surge, portanto, como um mecanismo de sobrevivência, possibilitando que as corporações ganhem tempo para reestruturar suas operações, renegociar passivos e se manter ativas no mercado.

Este panorama serve como um indicador das condições econômicas atuais, refletindo as adversidades que as empresas enfrentam, incluindo a gestão do fluxo de caixa, o aumento dos custos operacionais e as flutuações do mercado que afetam o equilíbrio financeiro. 

Os dados reforçam a necessidade de uma gestão empresarial acurada e a importância do aconselhamento jurídico especializado, aspectos que se tornam cruciais na prevenção e no manejo dessas situações críticas.

Caminhos para a resiliência e recuperação empresarial

À medida que a onda de recuperações judiciais e falências continua a desafiar o tecido empresarial brasileiro, torna-se imperativo para as empresas adotarem estratégias de resiliência e recuperação. 

Encarar essa realidade não apenas como um momento de crise, mas como uma oportunidade para reformulação e renovação, pode ser o diferencial para a sobrevivência e o sucesso no longo prazo.

Ao concluir este artigo, enfatizamos que o conhecimento aprofundado do marco legal e uma abordagem proativa são fundamentais. 

As empresas não devem esperar chegar ao ponto crítico de insolvência para buscar auxílio. A prevenção, através de uma governança corporativa sólida e uma gestão de riscos efetiva, é a chave para a sustentabilidade empresarial.

Estamos aqui para auxiliar nossos clientes com uma consultoria jurídica de excelência, pavimentando o caminho para a recuperação e prosperidade empresarial.

Até a próxima!